A Santa Ceia

19/07/2021

Os ritos judaicos, divinamente instruídos pelo ministério de Moisés, foram "sombras" dos bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens chegaram (Novo Testamento). Os ritos cristãos apresentados no Novo Testamento como ordenanças à igreja são somente dois: o Batismo e a Ceia do Senhor.

As expressões: "Santa Ceia" ou "Ceia do Senhor", são termos derivados da teologia de Zwinglio. O reformador suíço, em contraste ao ensino da ICAR ¹, doutrinava que a ceia não podia promover efeitos espirituais, sendo apenas um símbolo e tendo como único propósito o de lembrança/recordação do sacrifício de Cristo.

Nota: ¹ ICAR - igreja católica apostólica romana.

Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim (1 Coríntios 11:25).


A Santa Ceia

De Zwinglio para cá encontramos várias posições teológicas evangélicas sobre a Ceia do Senhor, entre elas: a consubstanciação, a representação, a realidade espiritual e celebração de aliança.

Sem dúvida, concordamos com o posicionamento de Zwinglio em afirmar que a Santa Ceia é uma ordenança memorial, mas há certamente outras maravilhas implícitas nesse ato de comunhão com Deus e com a Igreja.

"Tomai e comei..., tomai e bebei..., fazei isto..." (1 Co 11:24-25 ).

Certamente, a Ceia do Senhor é a maior festa da cristandade, com profundos ensinamentos que apontam para o passado, o presente e o futuro da Igreja:

Sua importância no Passado

1- A Ceia do Senhor é um ato memorial da morte de Cristo, onde nossas mentes se voltam para o Calvário, relembrando o Sacrifício de Jesus, em nosso favor (Lc 22.19; 1 Co 11.24-26).

...Fazei isto em memória de mim....

Trata-se de uma celebração memorial em face de tudo quanto Jesus Cristo foi e fez pelos homens, em especial, a sua obra de redenção. Foi ordenada por Jesus para que acontecesse por toda a posteridade como uma lembrança viva de Sua morte e sacrifício na cruz pelos nossos pecados. A mesa da Ceia é, portanto, um memorial deixado a nós para termos sempre a lembrança de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo e de sua morte sacrificial no Calvário.

  • A Ceia do Senhor é uma celebração de redenção (Ef 1:7). Assim como Israel festejou a sua libertação do Egito, de modo semelhante festejamos a nossa libertação do pecado. Aqui está presente uma celebração de ação de graças (gr. eucharistia) pelos benefícios provenientes do sacrifício de Jesus Cristo (Mt 26.27,28; Mc 14.23; Lc 22.19).

Há pão e vinho na Ceia do Senhor - um alimento e uma bebida espiritual, significando a nossa participação no Corpo e no Sangue de Cristo, recebendo pela fé os benefícios conquistados no Calvário. (Jo 6.32-32,48-58; Rm 3.24,25; 4.25; 5.6-21; 1 Co 5.7; 10.16; 2 Co 1:3-7; Ef 1.5,7; 2.13; Cl 1.20; Hb 9-10; 1 Pe 1.18-21; Ap 1.5).

Sua importância no Presente

  • Uma Celebração de Comunhão - A Santa Ceia expressa a nossa comunhão (gr. koinonia) com Cristo e com os demais membros do Corpo de Cristo (1 Co 10.16,17). É um momento único e especial de comunhão da igreja e fortalecimento espiritual de cada membro do Corpo de Cristo.

Quando ceamos, confirmamos a nossa aliança e a nossa unidade espiritual em Cristo Jesus (1 Co 6:17; Jo 6:53-56); confirmamos também a nossa comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo e, que nossas vidas estão conectadas, unidas e interligadas na mesma fé, nos mesmos propósitos, na mesma Palavra, no mesmo amor, nas mesmas promessas e esperança futura com Cristo (Jo 17:21; At 20:34-38; Rm 12:5,10-20; 1 Co 10:16.17; 12:12-27; Gl 3:28; Ef 4:13; 2 Tm 2:3).

  • Uma Confirmação de Aliança - Quando Jesus institui o pão e o vinho como os elementos da ceia, ele sabia exatamente o quê estava fazendo. No Antigo Testamento Abraão saiu ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, levando pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança (Gn 14:18) conhecido por toda posteridade de Israel. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter.

Este cálice é o Novo Testamento do Meu sangue (1 Co 11:25).

Uma aliança, embora de homem, uma vez confirmada, ninguém a anula, nem lhe acrescenta coisa alguma (Gl 3:15).

Quando participamos da Ceia do Senhor confirmamos a nossa aliança com Cristo; que estamos unidos a Ele, em só espírito.

Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele (Jo 6.53-56).

Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele (1 Co 6:17).

  • Uma Celebração de Fé - O corpo e o sangue de Jesus Cristo estão representados no pão e no vinho da Santa Ceia, mas esses elementos não comunicam em si mesmos, graça alguma aos seus participantes. Não existe uma transubstanciação, nem uma consubstanciação.

O corpo e o sangue de Cristo estão presentes na fé dos que comungam com dignidade. E, por meio desta fé, o participante da mesa do Senhor recebe os benefícios da comunhão com Jesus Cristo.

Sua importância no Futuro

  • Um celebração profética e escatológica que aponta para a volta de Jesus Cristo (1 Co 11.26; Mt 26.29).

Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai (Mt 26:29).

E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus (Ap 19:9).

A celebração da Santa Ceia é uma antecipação profética do grande banquete que Jesus Cristo está preparando para a sua Igreja. Ele breve voltará para celebrar a Sua Santa Comunhão com os que lhe pertence, em seu reino glorioso.

Quem Deve Participar da Ceia do Senhor?

Em Israel nenhum judeu podia faltar à festa da Páscoa (Nm 9:13). Por outro lado, nenhum incircunciso podia participar dessa festa judaica (Ex 12:43-48). A Páscoa para os judeus e a Santa Ceia para os cristãos são rituais de aliança, isto é, são celebrações destinadas aos que estão aliançados com Deus.

A Ceia, como símbolo de aliança que é, destina-se aos que estão aliançados com Cristo, ou seja, aos que já nasceram de novo, foram batizados e estão em plena comunhão com Deus.

Assim como o batismo simboliza a entrada do crente no Corpo de Cristo, a "a santa ceia" simboliza a continuidade do crente na fé, em sua aliança com Cristo Jesus.

Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim ( 1Co 11:25).

Aquele que se apresenta à mesa do Senhor deve ter consciência plena do significado dessa cerimônia e estar devidamente preparado para a mesma.

Implicações Espirituais

A Ceia do Senhor tem significado e valores sagrados, por isso sua celebração traz consequências espirituais.

Porventura o cálice da benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? (1 Co 10.16).

Observe o termo "cálice da benção". A Ceia do Senhor traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam.

"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se..." (1 Co 11.27-32)

A mesa do Senhor é um lugar de bênçãos, mas se alguém insistir em participar dela de forma indigna colherá o juízo divino.

Aqueles que não nasceram de novo e que fingem uma aliança com Cristo, ao insistirem em participar da Santa Ceia, sem entendimento e sem temor algum do que é sagrado, sofrerão o juízo de Deus.

Aqueles que estão aliançados com Cristo, mas, ao fazerem um autoexame em suas consciências, comprovam a necessidade de acerto, devem fazê-lo o mais cedo possível, a fim de não serem julgados pelo SENHOR.

Finalizando, é preciso lembrar que deixar de participar da Ceia do Senhor é desonrá-la também! O crente fiel deve nutrir em seu coração uma santa expectativa em participar da Santa Ceia, e jamais evitá-la.

Sobre a Santa Ceia, cremos:

1-CREMOS que a Santa Ceia é uma celebração instituída e ordenada por Jesus Cristo para ser observada pela Igreja; que os elementos da Santa Ceia: "pão e vinho" permanecem da mesma substância e não têm qualquer poder próprio ou intrínseco, para conferir graça alguma aos seus participantes. (Mt. 3:5,6,13-17; 26:26-30;28:19; Lc.22:19; Jo 3:22,23; 4:1,2; Rm 5:2; 1 Co11:24ss).

2-CREMOS que o Senhor Jesus Cristo instituiu a Santa Ceia, com os elementos pão e vinho, representantes de Seu corpo e sangue, para manter a comunhão dos santos, anunciar Sua morte, ressurreição e segunda vinda; que a mesa do Senhor nos conscientiza do perdão dos pecados e nos fortalece na esperança do porvir. (Mt. 26.26-31; Mc. 14. 22-26; Jo. 6.42-59; I Co. 11.23-29).

3-CREMOS que quando ceamos, confirmamos a nossa aliança e a nossa unidade espiritual em Cristo Jesus (1 Co 6:17; Jo 6:53-56); confirmamos também a nossa comunhão com os demais membros do Corpo de Cristo e, que nossas vidas estão conectadas, unidas e interligadas na mesma fé, nos mesmos propósitos, na mesma Palavra, no mesmo amor, nas mesmas promessas e esperança futura com Cristo (Jo 17:21; At 20:34-38; Rm 12:5,10-20; 1 Co 10:16.17; 12:12-27; Gl 3:28; Ef 4:13; 2 Tm 2:3).

4-CREMOS que todos os crentes que participam dignamente da Santa Ceia recebem, pela fé, bênçãos espirituais, sendo alvo dos benefícios da morte de Jesus Cristo. Ao contrário destes, os que participam indignamente tornam-se réus da morte de Jesus, resultando na condenação própria, enquanto permanecerem neste estado. (1Co 11:23-26; 10:16,17,21, 12:13; Mt 26:26-28; Lc 24:6,39).

5-CREMOS que a celebração da Santa Ceia é uma proclamação profética do grande banquete que Jesus Cristo está preparando para a sua Igreja. Jesus breve voltará para celebrar a Sua Santa Comunhão com os que lhe pertence, em seu reino glorioso (1 Co 11.26; Mt 26.29).

Todos que fazem parte da família de Deus nesta terra são convidados a sentar-se à mesa da comunhão. Os aliançados com Cristo devem valorizar essa celebração e honrá-la com o preparo espiritual devido.

Que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!