Como Tratar o Pecado
A definição mais comum para pecado é "infringir a lei de Deus". É qualquer falta de conformidade, ativa ou passiva, com a lei moral de Deus. Pecado é uma posição de rebelião que ocupamos em relação a Deus; é uma recusa de submissão; uma pretensão de autonomia em relação a Deus.
Pecado é uma opção pela autossuficiência, que gera no homem uma ilusão de potência e faz com que ele desperdice recursos como se fossem inesgotáveis, fazendo-o descer ao nível da desumanização. O pecado ilude e anestesia, escraviza e mata.
Albert Einstein, o físico do século XX, escreveu em 1948:
"O único verdadeiro problema de todos os tempos se acha no coração e nos pensamentos dos homens. Não se trata de um problema físico, mas de um problema moral. É mais fácil modificar a composição do plutônio do que a do espírito mau de um indivíduo. Não é o poder de explosão de uma bomba atômica que nos assusta, mas o poder da maldade do coração humano, sua força explosiva para o mal".
Com essa declaração o grande cientista judeu endossou as palavras de um grande profeta da antiguidade: "Enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (Jr. 17:9). O profeta Isaías também confirma o diagnóstico pessimista de Einstein: "Toda cabeça (fonte dos pensamentos e da vontade) está doente, e todo coração (fonte de sentimentos) enfermo. Desde a planta do pé (o andar) até a cabeça (o pensar) não há nele cousa sã (Is 1:5-6).
De fato o maior problema do homem continua sendo o pecado. Fizemos avanços tremendos, progredimos na ciência, tecnologia, mas não conseguimos acabar, dominar ou mesmo diminuir o pecado na humanidade.
Lamentavelmente o que nem todos sabem é que existe algo tão grave como o pecado: a falta de confissão dos pecados. Pecar é como beber veneno e não confessar o pecado é como ficar com o veneno dentro do corpo e não buscar socorro médico.
A Solução Bíblica
O arrependimento genuíno prepara o coração do homem para o recebimento do perdão e da restauração espiritual.
Deus sabe perfeitamente que o homem natural tem uma natureza plenamente voltada ao pecado. E que essa natureza, em seu âmago mais profundo, é "dona de si", independente, orgulhosa e rebelde.
O arrependimento segundo a Bíblia é o único processo capaz de mexer com a prepotência da natureza humana, ao ponto de quebrantá-la, levando o indivíduo à sã consciência moral de seus pecados diante de Deus e do próximo.
O Arrependimento segundo as Sagradas Escrituras é um processo composto de 4 etapas?
1. Convicção – Aspecto Cognitivo, mental, racional.
2. Contrição – Aspecto Afetivo, emocional, sentimental.
3. Confissão – Aspecto Volitivo, livre arbítrio, decisão.
4. Conversão – Aspecto Comportamental, mudança.
A convicção do pecado traz ao pecador o reconhecimento:
- -Do erro praticado, do modo de viver contrário à vontade de Deus.
- -De sua culpa diante de Deus e do próximo;
- -E de sua incapacidade para, com suas próprias forças, agradar a Deus e sanar o problema.
Até que a convicção de pecados nos faça cair de joelhos, até que estejamos completamente humilhados, até que tenhamos perdido toda esperança em nós mesmos, não podemos encontrar o perdão divino.
Deus providenciou três agentes que cooperam com o pecador para que tenha uma
firme convicção do pecado praticado e, diante disso, saiba o que fazer para
obter o perdão de Deus e a sua restauração espiritual.
(1) A Consciência Moral; (2) A Palavra de Deus; (3) O Espírito Santo.
1.1- A Consciência Moral
Muito antes da Palavra escrita, Deus tratava com o homem através da sua consciência moral. Foi por isso que Adão e Eva se esconderam da presença do Senhor Deus entre as árvores do Jardim do Éden.
A consciência é "uma faculdade do homem interior", um sensor moral que nos pede a fazer o que é certo. A consciência julga nossos atos e intenções, mesmo contra nossos desejos e pensamentos, aprovando ou condenando-os. Uma pessoa não pode violar sua consciência sem sentir a sua condenação Quando a consciência nos intima, resta-nos a pergunta: "Como reparar o meu erro?
Acontece que nem sempre a consciência é um guia totalmente seguro, porque ela pode perder a sensibilidade moral pela repetição de pecados
não confessados. Ela funciona como um relógio despertador, que a princípio desperta e acorda, mas se a pessoa se acostuma com o alarme sonoro do despertador, aquele aviso perde o seu efeito. A consciência pode ser cauterizada pelo pecado impenitente. Diante disso, vale ressaltar que a consciência moral precisa ser bem formada e conservada para funcionar corretamente.
1.2 - A Palavra de Deus
A Bíblia é o meio que Deus usa para produzir convicção. A Bíblia nos diz o que é certo e o que é errado antes de você cometer o pecado, e assim o que você precisa é aprender e apropriar-se de seus ensinos. A consciência moral é como a luz de um farol, mas comparada à Bíblia perde efeito diante do brilho do Sol. 2 Tm 3:16
Todos nós necessitamos de uma mentalidade bíblica, uma mente Teocêntrica.
1.3 – O Espírito Santo
O Espírito Santo nos convence, do pecado, da justiça e do juízo de Deus. Sua
presença em nós produz frutos segundo Deus, os quais são manifestos em nossos
atos.
Algumas das mais poderosas reuniões que participei foram caracterizadas pelo agir silencioso e transformador do Espírito Santo, agindo diretamente no coração das pessoas presentes. Jo 16:8.
2 – CONTRIÇÃO
O segundo passo no processo do arrependimento bíblico é a contrição.
Salmos 38:18 - Confesso a minha iniquidade; entristeço-me por causa do meu pecado.
2 Coríntios 7:10 - Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar.
A próxima etapa do arrependimento é a
contrição, o profundo sentimento de tristeza pelo pecado. A contrição quebranta o coração do pecador,
coloca o homem no pó para que sinta a culpa
e a vergonha pelo pecado praticado, pela ofensa a Deus que é Santo e
Justo.
Se não houver verdadeira contrição, o homem voltará direto para o seu velho pecado. Se a contrição não for profunda os nossos sentimentos ruins e os impulsos de nosso "temperamento teimoso" continuarão dominando o nosso comportamento.
A contrição tem que ser profunda e verdadeira. Um marido diz palavras agressivas à sua esposa, e então para aliviar sua consciência, compra um presente para ela. Ele não quer enfrentar a situação como um filho de Deus e dizer que errou.
O que Deus quer é contrição, e se não houver contrição, não há arrependimento completo.
"Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os de espírito oprimido." Sl 34:18.
"Coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus." Sl 51:17.
3 – CONFISSÃO
Somos bons em confessar o pecado de outras pessoas, mas temos uma enorme dificuldade em confessar os nossos próprios pecados. Tentamos esconder e cobrir nossos pecados. Quase não há confissão deles.
"Pecados não confessados na alma são como uma bala dentro do corpo".
A ocultação de pecados denota deslealdade e traição à santidade de Deus e traz enormes juízos sobre o pecador. Somente a confissão e o arrependimento podem restaurar a comunhão do pecador com Deus.
Não importa quantos hinos você cante, quando contribua com oferta à igreja ou o quanto você ore e leia a sua Bíblia, nada disso encobrirá o seu pecado. O pecado deve ser confessado, e seu orgulho lhe impede de confessar, não deve esperar misericórdia de Deus nem respostas as suas orações.
A Bíblia diz: "O que encobre as suas transgressões, jamais
prosperará" (Pv 28:13). Pode ser um homem no púlpito, um sacerdote no
ministério, um rei no trono, um juiz na tribuna _ não faz diferença para Deus.
A confissão proporciona uma catarse moral, uma purgação ou purificação da emoções e sentimentos negativos, e mais do que isso, a confissão consegue eliminar toda sujeira moral do coração humano.
Entretanto, não basta uma confissão mecânica ou superficial. O processo Interior deve ser profundo, envolvendo a razão, as emoções e os propósitos.
Todo pecado é contra Deus, e a Ele deve ser confessado, mas há três maneiras de se confessar pecados.
3.1 – A Deus somente - Há pecados que eu não preciso confessar a pessoa alguma no mundo. Se o pecado foi entre mim e Deus, devo confessá-lo sozinho no meu quarto.
"Pai, pequei contra o céu e diante de Ti." "Pequei contra Ti, contra Ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos." Salmos 51:4.
3.2 – Ao Próximo e a Deus - Mas se fiz algo errado a alguma pessoa, e ela sabe que a prejudiquei, devo confessar o pecado não somente a Deus mas também a esta pessoa. Se o meu orgulho me impede de confessar meu pecado, não preciso ir a Deus. Posso orar, posso chorar, mas isso não adiantará. Primeiro confesse àquela pessoa, e depois a Deus, e veja com que rapidez Deus lhe ouvirá e lhe enviará a paz.
"Se pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta." (Mt 5: 23, 24). Esse é o caminho bíblico.
3.3– Ao Público e a Deus - Há outra classe de pecados que devem ser
confessados publicamente. Transgressões públicas exigem uma confissão
pública. Muitas vezes uma pessoa dirá
algo maldoso a respeito de outra na presença de terceiros, e então tentará
apaziguar isso indo somente à pessoa prejudicada. A confissão deve ser feita de
forma que todos os que ouviram a transgressão possam ouvir a confissão.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" 1 Jo 1:9.
4 - CONVERSÃO
Chegamos à última etapa no processo do arrependimento bíblico: a conversão.
Mudança de comportamento. Ela começa com uma Resolução íntima contra o pecado; uma disposição de mudar de comportamento, de fazer as coisas certas, de não mais cometer aquele pecado.
Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e volte para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar. (Isaías 55:7)
A palavra conversão significa basicamente duas coisas.
4.1 – Conversão é voltar-se para Deus.
Sair da inversão espiritual e passar à comunhão com Deus. Certo teólogo disse uma vez que o homem nasce de costas para Deus e, por isso, precisa se converter.
"Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação" Rm 10:9, 10.
4.2 – Conversão a Deus e Aversão ao Pecado. Ir em direção a Deus, dando as
costas ao pecado.
Pecar é afastar-se de Deus. Enquanto que a conversão é o voltar-se para Deus e ter aversão ao pecado.
Conversão é uma mudança de trajetória, uma volta de cento e oitenta graus, uma mudança de comportamento percebida por todos. Conversão é, em suma, a atitude de alguém que desiste de pecar.
A conversão verdadeira inclui a restituição, o pagamento pelos danos cometidos.
Restituição - Sobre este assunto a Bíblia nos relata o caso de Zaqueu, o cobrador de impostos. Ao ter um encontro com Jesus tomou a decisão de devolver, quatro vezes mais, o dinheiro que roubara das pessoas. Lembre-se que a Lei de Deus (Lv 6:1-7) exigia a devolução do valor integral, acrescida de 20% (vinte por cento ou a quinta parte. Zaqueu, preferiu, generosamente, devolver 400% (quatrocentos por cento). Ao ver essa atitude, Jesus afirmou que tinha chegado salvação na casa de Zaqueu (Lucas 19:1-9). Um verdadeiro encontro com Jesus nos faz restituir aquilo que tomamos de outra pessoa ou que adquirimos por meios fraudulentos ou ilegais.
A restituição faz consertar o que foi feito de errado e promove uma restauração de relacionamento.
Conclusão
Faça tudo para não pecar, mas se acontecer, não esconda a sua transgressão, não deixe o veneno espalhar e contaminar a sua vida por completo. Trate imediatamente o pecado conforme a Bíblia ensina. Confesse, arrependa-se e se necessário, faça restituições.
Se o povo orar... e confessar teu nome, e se converter dos seus pecados (2 Cr 7:14).
A conversão verdadeira traz cura interior e exterior. Somos sarados juntamente com a nossa terra.
Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!