Duas Tempestades

10/09/2023



Há dois sentidos básicos para o termo .tempestade:

  • No sentido comum, natural, meteorológico, significa: temporal, tormenta, borrasca, vendaval, furacão, pé-dágua, chuvarada, pancada de chuva, aguaceiro, etc..
  • No sentido figurado: grande perturbação, problema, crise, agitação, confusão, desordem, tumulto, transtorno, distúrbio, alvoroço, inquietação, desassossego.


Introdução:

A nossa reflexão está baseada em Texto: Marcos 4:35-41 .

Tempestades são temporais inevitáveis, muitas vezes imprevisíveis, neste mundo caído. Elas acontecem mais cedo ou mais tarde em todos os lugares, sobre bons e maus, santos e profanos.

A tempestade natural mostra a sua força destruidora, ameaça, causa medo e pavor. De forma analógica, as crises e problemas avassaladores causam transtornos e grandes prejuízos.

Podemos dizer que "assim com aconteceu com o barco dos apóstolos que lutava contra o mar revolto, a igreja de Cristo peleja contra as forças do mal neste mundo tenebroso".

O cristão atento logo perceberá que Jesus está perto dos seus discípulos o tempo todo, seja na bonança ou na tempestade. Quando a fé enfraquece e o medo domina nossas mentes e corações, ainda nos resta a súplica ao amado Senhor, que está bem perto de nós. Ele, amavelmente atenderá a nossa prece, repreendendo os violentos ventos e aquietando o mar revolto para que tudo volte à harmonia, segurança e paz!.

I. A tempestade é inevitável.

Jesus ordenou essa viagem. Os discípulos estavam debaixo de uma ordem da maior autoridade. O quê poderia dar errado? Entretanto, o texto narrado por Marcos sugere uma inesperada tempestade furiosa.

Certamente, por serem homens do mar, os discípulos tinham enfrentado outras tempestades em situações diferentes, mas essa lhes causou muito medo. As crises/problemas também são muitas vezes imprevisíveis... Elas podem vir até mesmo quando você está vivendo em estrita obediência ao Senhor. Parece até que nessas condições, as crises costumam vir ainda mais violentas, com mais fúria sobre os discípulos de Cristo.

2. A percepção errada sobre a crise faz parecer que Jesus não se importa conosco.

Jesus estava dormindo no barco. Estava perto, mas parecia distante.

"Mestre, não te importa que pereçamos?" A súplica do discípulo demonstra estar investida de um ressentimento pela aparente indiferença de Jesus diante da tormenta.

Veja, porém, o enorme contraste entre os discípulos: agitação, medo e pânico; e o Senhor Jesus: descanso, quietude e paz.

3. A Segunda Tempestade.

A tempestade lá fora revelou a fraqueza interna dos discípulos: "Medo e falta de fé".

O medo estabelece uma conexão de insegurança, desespero, pavor...

A tempestade externa gerou uma tormenta interna. Havia uma tempestade maior no coração dos discípulos: a agitação, o medo, a perturbação, a insegurança, o pânico. A fé interior sucumbiu diante das ameaças dos ventos e do mar revolto e o medo fez uma conexão com a tempestade, de modo que o que estava fora passou a estar dentro.

Na visão dos discípulos eles estavam perecendo, era o fim de tudo. Então, Jesus teve que acalmar duas tempestades: uma externa e outra interna. A tempestade externa é que alimentava a tormenta interior.

4. A segunda tempestade levou os discípulos a Jesus.

Os discípulos de Jesus Cristo eram homens do mar, conhecedores das dificuldades da navegação no meio de uma tormenta. Eles lutaram, resistiram, mas, no final dos seus recursos, quando a tempestade entrou em seus corações, em desespero, suplicaram ajuda; eles clamaram a Jesus. A tempestade estava no ápice, dentro e fora; a última chance era Jesus Cristo. Não havia mais nada a fazer. Todas as esperanças dos discípulos estavam em Jesus.

5. A tempestade sempre revela algo novo sobre nós e sobre Jesus.

Jesus atendeu ao pedido desesperado dos discípulos. Ele repreendeu os ventos e a bonança imperou. E lhes perguntou: Por que sois assim medrosos, como é que não tendes fé?

O final desse episódio mostra duas grandes lições que vieram de dois fortes impactos sobre os discípulos: um cognitivo e outro afetivo.

  • Impacto Cognitivo – A Palavra de Jesus - a pergunta feita: "Por que sois assim medrosos, como é que não tendes fé?" leva à reflexão de que a fé dos discípulos sucumbiu diante do medo dominante. Se eles tivessem enfrentado a tormenta com uma fé poderosa poderiam ter repreendido a tempestade como Jesus fez ou, se tivessem descansado em Cristo, diante do alvoroço exterior, teriam prevalecido.
  • Impacto Afetivo – O Milagre de Jesus - A repreensão que Jesus fez aos ventos e à força do mar, com a consequente bonança, levou os discípulos a outro tipo de medo. Não o pânico, mas um profundo temor e reverência a Cristo, diante de sua autoridade e poder sobre as forças da natureza.

Foi o impacto afetivo gerado pelo milagre de Jesus Cristo que redirecionou a conexão emocional nos discípulos. Seus olhos, seus pensamentos e sentimentos agora estavam voltados para o Poder Maior, para a autoridade de Jesus Cristo. Como consequência, eles passaram a sentir outro tipo de medo. "Quem é este?"

Um medo diferente surgiu, um profundo temor reverencial na presença do poder maior, da autoridade de Jesus Cristo. E o Senhor Jesus não repreendeu este tipo de medo no coração dos discípulos. Não era o medo do terror diante dos problemas, mas o da reverência, do profundo respeito e da confiança em Jesus Cristo.

Salmos 76:7 - Tu, tu és terrível! E quem subsistirá à tua vista, se te irares?

1 Cr 16:25 - Porque grande é o Senhor, e mui digno de louvor; também é mais temível do que todos os deuses.

Santo Agostinho disse certa vez: "Teme a Deus e você não precisa temer mais nada".

Conclusão:

Se algum dia você enfrentar uma tempestade em sua vida, ainda que esteja vivendo em obediência a Deus, saiba que:

  • As crises e tormentas são inevitáveis e imprevisíveis, mas trazem lições muito importantes ao crente;
  • Jesus está no controle de tudo. Ele não está distante, mas muito perto de nós;
  • Não deixe a crise entrar em seu coração. Use a sua fé, confiança, segurança e temor em Jesus Cristo, Aquele que é maior e mais temível do que qualquer tempestade.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!